sexta-feira, 10 de novembro de 2017

O LINCHAMENTO MORAL DE WILLIAM WAACK É REPULSIVO E VERGONHOSO!!!

É muito cômodo enxergarmos retrocesso e barbárie apenas nas práticas de nossos inimigos.

Mas, em que nos diferenciaremos deles se nos pusermos a apedrejar, com tamanha leviandade, homens íntegros como William Waack?!

Desde quando uma frase solta, proferida no ambiente de trabalho, justifica um julgamento de caráter tão extremado?

Como sabermos que não se tratava de um mero gracejo, referente a alguma situação anterior que desconhecemos, sem a intenção pejorativa que lhe atribuíram na orelhada

Boto a minha mão no fogo quanto a Waack não ser e jamais ter sido racista. Caso contrário, não o estaria defendendo.

Como suportarmos a convivência com indivíduos tão vis a ponto de ESPIONAREM seus colegas mais bem sucedidos (porque infinitamente superiores em termos profissionais), sempre à cata de uma oportunidade para conquistarem com facadas nas costas os holofotes que jamais fizeram por merecer de outra forma?
Sujeitos que agora dão entrevistas deslumbradas, eufóricos com sua nova condição de APRENDIZES DE ARAPONGAS! Que pobres coitados!

Se todos nos pusermos a gravar, filmar e expor, sorrateiramente, todos ao redor, transformaremos nossa vida num inferno ainda pior do que aquele que o capitalismo engendrou.

Se não pararmos de agir como manada, desaprenderemos de pensar com a própria cabeça e nos desacostumaremos de ser corajosos, solidários e dignos.

Aonde nos levará tanto ódio contra pessoas? A lugar nenhum. Pois o que desgraça nossa vida não são pessoas, é uma organização econômica e política de nossa sociedade que hoje se tornou totalmente desumana e destrutiva, a ponto de colocar em risco a própria sobrevivência da espécie humana.

Há lutas de verdade a serem travadas, e são de urgência extrema. Enquanto perdermos tempo hostilizando uns aos outros numa catarse diabólica, estaremos nos aproximando de um final que ninguém deseja, mas ninguém está mostrando discernimento e valor para tentar impedir.

Meu mais indignado repúdio a quem condena sem dar oportunidade de defesa e promove linchamentos sem a mínima noção da grandeza do personagem que está linchando.

Minha total e irrestrita solidariedade a William Waack, meu ex-colega do Estadão e um dos jornalistas mais brilhantes que já conheci, autor do melhor livro-reportagem já escrito nestes tristes trópicos, Camaradas

Lembro-me, como se fosse hoje (e já lá se vão 24 anos!), de que me coube fazer o chamado copy desk de um resumo que o Waack preparou de sua obra para publicação em primeira mão, ocupando várias páginas do jornal. 

Fiquei impressionado com a dificuldade da colossal empreitada a que ele se propôs, a partir da quebra do sigilo dos arquivos de Moscou referentes à URSS: levantar todas as informações neles contidas sobre as relações da Internacional Comunista com o PCB, Luiz Carlos Prestes, Olga Benario e dirigentes revolucionários brasileiros. 

Passar anos e anos nessa faina isolada é coisa de monge, pensei. Eu jamais o faria, gosto demais de estar junto com as pessoas. 

E que magnífico livro ele nos entregou!  

6 comentários:

Anônimo disse...

Mas e com o Boris Casoy? No que diferem?

celsolungaretti disse...

Em dois pontos principais:

1. o que vazou do Casoy tinha um sentido completo e compreensível. Ele considerava que a saudação natalina dos garis, por serem "o mais baixo na escala do trabalho", não tinha valor; e

2. o vazamento, por uma falha técnica, atingiu todos os telespectadores que assistiam ao noticioso.

Outrossim,

1. Já o que está gravado do Waack não tem um sentido completo e compreensível. Pode se aplicar a muitas situações. Pode ser uma piada em cima de outra piada feita anteriormente. Do jeito que está, descontextualizada, é apenas uma frase solta no ar. Nenhuma Justiça séria o condenaria por racismo baseada em prova tão capenga; e

2. O grande público não foi atingido, ninguém que estava presente se sentiu ofendido, o episódio foi superado e esquecido. Aí, um ano depois, um funcionário demitido pega esta gravação e a trombeteia aos quatro ventos, criando uma situação totalmente artificial e gerando uma reação idem.

Riquelme disse...

CONCORDO COM.O QUE VOCÊ DISSE.
ÉTICA E MORAL SÃO ITENS QUE ESTÃO FALTANDO NA CESTA BÁSICA DO BRASIL HÁ TEMPOS.
Voltaram com esta estória de racismo para tirar da frente jornalistas de peso que lutam CONTRA A CORRUPÇÃO NO PAÍS.
Isto é sim coisa da Rede Globo e dos seus catequisados. O BRASIL condena crimes menores com extremo vigor e esconde as barbáries que se encontram na nossa cara dia a dia.
Sinto pena, Que os verdadeiros negros brasileiros não se revolte por serem usados desta forma.
A maioria dos que estão se proclamando negros são filhos de BRANCOS COM NEGROS , portanto MESTIÇOS ,nem uma coisa e nem outra simplesmente uma mistura dos dois.

Sérgio Teixeira disse...

Estou aguardando e, espero ver e ouvir uma gravação de um negro falando da própria raça, pois eu conheci alguns que se ofendiam se fossem chamados de negros. Existem muitos deles por aí tenho certeza. Quanto ao caso de William Waak, pela tamanha capacidade que tem, certamente não lhe faltará emprego e nem deixará de ser assistido ao voltar as atividades, seja onde for, por isso, tanto faz a minha opinião.

Alessandro Alcântara disse...

Ninguém acredita quando denunciam que o amigo é um estuprador. Idem quando é racista.

celsolungaretti disse...

Principalmente quando sabe que não passa de um mero gracejo de mau gosto que o amigo fez sem nenuma intenção de torná-lo público, mas um demitido rancoroso colocou no ventilador um ano depois.

Se não tivermos mais liberdade de brincar com os colegas no ambiente de trabalho, isto aqui virará um estado policial pior ainda que o da ditadura militar.

E a pergunta que não quer calar continua em pé: POR QUE TANTO ESTARDALHAÇO COM A PUERILIDADE DO WAACK E TÃO POUCO COM O RACISMO ASSUMIDO E TROMBETEADO AOS QUATRO VENTOS DO GANDRA MARTINS, QUE, POR COINCIDÊNCIA, É O DIRIGENTE MAIS CONHECIDO DO OPUS DEI NO BRASIL? Afinal, os dois episódios vieram à tona quase simultaneamente e no primeiro se fez imenso barulho por nada, enquanto contra o segundo quase ninguém protestou.

É só porque o Waack não agrada ao PT e o partido há muito tempo não se incomoda com a extrema-direita? É preferível linchar moralmente um adversário sob falso pretexto do que destruir um inimigo histórico que falou e assinou embaixo?

Related Posts with Thumbnails